sábado, 28 de maio de 2011

Polícia fere 121 e repressão aumenta protestos na Espanha

27/05/2011 -


A ação da polícia catalã contra os manifestantes que há 12 dias se reúnem no centro de Barcelona, na Espanha, deixou 121 feridos e, ao invés de dispersar os jovens, aumentou ainda mais a concentração de pessoas no local e ampliou os protestos que agora incluem famílias, idosos e crianças, relata Rodrigo Russo, jornalista, em Barcelona.

A decisão do governo local de enviar tropas de choque à praça Catalunya enfureceu os manifestantes, embora os protestos tenham sido pacíficos.
"A ação policial foi totalmente injustificada. Durante todo o dia eles levavam cartazes chamando por 'resistência pacífica'", diz Russo, que esteve por duas vezes no local e disse que a atmosfera remonta à praça Tahrir, no Egito, onde intensos protestos levaram à queda do ditador Hosni Mubarak.
O jornalista afirma que a repressão teve o efeito inverso, e aumentou ainda mais o número de barracas na praça, que ficou absolutamente lotada logo após a saída dos policiais. Muitos relataram que o local nunca esteve tão cheio desde o início dos protestos.
A violência em Barcelona chega semanas depois que milhares foram às ruas do país em manifestações por democracia e contra a corrupção e o sistema financeiro que levou à crise econômica amargada pelos países da zona do euro.
Incentivados pelas revoltas nos países árabes, que já derrubaram os ditadores da Tunísia e do Egito, muitos jovens têm acampado em praças pedindo o fim do bipartidarismo e cobrando uma maior participação na democracia espanhola.

Emilio Morenatti/Associated Press
Manifestante mostra sangue de outros jovens feridos em suas mãos; repressão da polícia enfureceu espanhóis
Manifestante mostra sangue de outros jovens feridos em suas mãos; repressão da polícia enfureceu espanhóis
A polêmica investida da polícia tinha como objetivo desmantelar o acampamento montado na praça Catalunya, no centro de Barcelona, informa o jornal "El País".
De acordo com o diário, o chamamento dos jovens à sociedade civil espanhola foi bem sucedido. "Famílias com crianças, idosos e jovens, muitos com flores e as mãos pintadas de branco em protesto à repressão policial" são vistos em Barcelona, afirma o jornal.
Na segunda-feira (23), os manifestantes em diversos pontos do país acampados em praças deixaram claro sua intenção de continuar com os protestos e espalhá-los por mais cidades.

Albert Gea/Reuters
Tropas de choque tentam desmantelar acampamentos e retirar os jovens que protestam na praça Catalunya
Tropas de choque tentam desmantelar acampamentos e retirar os jovens que protestam na praça Catalunya
Os seguidores do Movimento 15-M (devido ao dia em que começaram os protestos, 15 de maio) não se deixaram abater pela vitória do PP (Partido Popular, de centro-direita) nas eleições municipais e regionais realizadas no domingo (22) --evidenciando uma clara derrota da esquerda.
Os líderes da revolta voltaram a defender o "apartidarismo reivindicativo" e no início da semana informaram à imprensa que o futuro do movimento deve ser decidido por meio de assembleias organizadas em quase 70 cidades espanholas.

Emilio Morenatti/Associated Press
Policiais bloqueiam avanço de manifestantes no centro de Barcelona; ao menos 121 ficaram feridos nesta sexta
Policiais bloqueiam avanço de manifestantes no centro de Barcelona; ao menos 121 ficaram feridos nesta sexta Analistas indicam que os jovens podem ter se organizado para boicotar os dois principais partidos espanhóis, direcionando os votos para legendas minoritárias, o que o movimento nega.

"Em nenhum momento estivemos focados em mudar o rumo destas eleições. Estamos tentando mudar este sistema, que após as eleições continua. Por isso, as pessoas seguem vindo aqui, para prosseguir reivindicando seus direitos", disse um dos porta-vozes do 15-M. 

site:folha-sp

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