O QUE QUEREMOS! PROGRAMA MH2O

2º Congresso Nacional
Do Movimento Hip Hop Organizado do Brasil

20 Anos de Luta e Resistência

Texto base

2009


Índice
Um Salve Sincero-------------------------------------------------------------------------------Pag.03
A Contracultura na Atualidade-------------------------------------------------------------Pag.04
As singularidades do MH2O-----------------------------------------------------------------Pag.07
Regionalização do Hip Hop------------------------------------------------------------------Pag.08
O MH2O e o Terceiro Setor-------------------------------------------------------------------Pag.19
O MH2O e os Partidos Políticos-------------------------------------------------------------Pag.19
A Escola Popular de Formação do MH2O-------------------------------------------------Pag.19

Um salve sincero
O Movimento Hip Hop Organizado do Brasil realiza seu segundo Congresso Nacional, no ano em que completa vinte anos de existência. E convoca todos os seus integrantes a se reencontrar com seu programa, seu pensamento e sua ideologia, a revisitar seu modelo organizacional e pensar o futuro.

O Gigante do Hip Hop Nacional saúda aos irmãos e irmãs de todos os estados em que o Movimento atua. Em especial as Posses Estaduais de São Paulo, Distrito Federal, Rio Grande do Norte e Paraná que muito têm feito pela expansão nacional do MH2O do Brasil. Saudamos também os atletas do Basquete de Rua organizados nas várias escolinhas e os atletas do Futebol de Rua (Travinha) e a todos os desportistas que fazem do MH2O uma referência no Esporte Educacional. E a todos os atletas e artistas que construíram a “Campanha Craques Versus Crack”.

Também mandamos aquele salve para os guerreiros e guerreiras que constroem os núcleos setoriais de Promoção da Igualdade Racial, Mulheres e Juventude e para os profissionais-militantes que realizam nossos projetos institucionais. Com elevada referência para todos os integrantes do Programa Geração Mudamundo que fortalecem o nome da família MH2O no cenário mundial do Empreendedorismo Social.
Saudamos também a todos e a todas profissionais que atuam no serviço público, compondo governos e assessorando parlamentos, e que em suas funções levam muito do MH2O para esses órgãos e defendem os interesses do Movimento nas suas práticas diárias. Abraçamos fraternamente aos vários militantes que atuam na iniciativa privada e que dividem seu tempo entre o emprego e a construção do Movimento.
Saudamos aqui aos empreendedores e empreendedoras que montam seus próprios empreendimentos e que hoje materializam a Nova Economia Social do MH2O.

Lembramos orgulhosamente dos pioneiros que iniciaram essa caminhada que já dura duas décadas, e em nome de todos, saudamos ao Kchorrão, Rainha, W.man, Flip, Boss, Tinzão, DJ Nabuco e MC Kaô. Todos estes e muito outros são parte de nossa história e em muito contribuíram para sermos o que somos atualmente.
Saudamos ainda a todos os que já passaram da vida para a história e para a eternidade. E em nome de todos saudamos o Mestre de Cerimônia, Grafiteiro e Rapper Penoso, os B. Boys Silvéster, Nem, Márcio Sales, Marquinhos, Leo e Rômulo e ao neném. Jamais esqueceremos vocês. Estamos construindo uma Posse no Céu!
Reconhecemos e saudamos a todos os ex-membros que saíram do MH2O e foram fundar novas organizações e trilhar outros caminhos, mas não sem deixar muito de si para o Movimento.
Á todos os Coordenadores e Coordenadoras que já puseram seus esforços, talentos e o melhor de sua vida na organização e engrandecimento do MH2O.  

Á todos os familiares dos membros do MH2O que foram os maiores patrocinadores do Movimento ao longo destes 20 Anos e os principais responsáveis pelo seu crescimento e fortalecimento. Á velha e à nova Escola que ano após ano constroem o MH2O, superando obstáculos, enfrentando adversidades, debatendo, divergindo e consenssuando, se tornando mais fortes e mais unidos á cada desafio vencido. Á todos e todas que nunca fugiram da luta e sempre defenderam ás “três letras e o 2 que refletem um mundo melhor” á todos os filhos do gigante.

“Quem cuida de nós, somos nós mesmos.”
Coordenação Nacional do MH2O do Brasil


O Programa do MH2O do Brasil
O Movimento Hip Hop Organizado do Brasil orienta suas ações por um programa político-ideológico composto por um conjunto de resoluções, estudos e consensos elaborados a partir de seminários, assembléias gerais e congressos realizados ao longo de sua existência. Apresentamos aqui os principais pontos desse Programa que embasa nossas ações cotidianas, táticas e estratégicas:
A Contracultura na atualidade
“A Contracultura na Atualidade sob a luz do MH2O do Brasil”

“... Cada um de nós é um universo”. Nas palavras de Raul Seixas, a definição perfeita do ser humano, com sua infinidade de sensações, desejos, sentimentos, virtudes e defeitos, inúmeras perspectivas, e características exclusivas. Um universo único e em permanente expansão.
Somos uma “centelha” de energia em torno da qual, gravitam mundos inteiros, diversas dimensões. Somos amplos demais e tão pouco conhecidos. Somos “captadores” que atraem “matéria básica” e a partir desta, forjam novos materiais e utensílios, avançadas “engrenagens” de reciclagem funcionando ininterruptamente. Somos também produto do meio e o meio é produto de nossa ação.
Somos “esponjas” submersas em liquido, absorvendo-o. O “liquido” é a cultura, toda produção concreta e abstrata. Toda cultura é produzida pelo ser humano a partir de suas necessidades e interesses. E todo ser humano sofre a influência da cultura que é propagada no meio e a partir desta influência produz e reproduz cultura, anexando ao que consome novos elementos. Reciclando ou simplesmente repetindo o que captou do meio, devolvendo-o sempre com algo a mais, sempre com seu toque próprio, fechando assim parte do ciclo: Captação – consumo- reciclagem- difusão.
Todo ser humano é um “universo” que se forma e se espande produzindo e consumindo (ou vice- versa) cultura. Somos um conjunto de informações armazenadas, consumidas, recicladas e difundidas.
Ao compreender o ser humano como produtor / consumidor de cultura, e ver cultura como todo produto da intervenção humana em todas as áreas, concretas e abstratas, o MH2O do Brasil atribui à cultura uma importância incalculável.
Afirmamos ser a cultura o determinante na vida da humanidade e a capacidade de produzi-la o diferencial entre os humanos e as outras espécies do planeta.
Sendo assim, então o controle sobre a produção e difusão da cultura geraria um poder imenso. E é isto que identifica e alerta o MH2O do Brasil. Afirmamos que os ricos detêm esse poder e o utilizam para dominar aos pobres. A elite que apropiou-se do poder no planeta (os ricos) através de seu sistema mundial, conseguiu desenvolver um vasto aparelho ideológico que lhe assegura o controle sobre a produção cultural e sua instrumentalização para a garantia de seus interesses.
O sistema produtor de mercadorias (capitalismo) com seu mercado, a sociedade dividida em classes sociais, a propriedade privada, as relações de produção, os regimes políticos e as formas de governo. Bem como, as religiões, a estrutura das famílias, a união monogâmica, os preconceitos e valores, as regras de moral, os hábitos, a culinária, as vestimentas, a arquitetura. Enfim, todo produto da intervenção (consciente ou não) do ser humano é cultura.
E se olharmos para tudo o que nos cerca, vamos perceber que toda cultura que consumimos e difundimos, hoje está voltada para manter o sistema burguês (o capitalismo).
Se observarmos mais atentamente, verificaremos que do ciclo, só temos acesso à captação- consumo – reciclagem – difusão da cultura, e não à produção.
Esta se encontra monopolizada pela classe que ocupa o poder. É essa classe que fornece a “matéria básica” para o consumo e esta matéria não vem “bruta”. Pelo contrário, vem cheia de informações. Já vem trabalhada com a ideologia dos ricos, preparada para “impregnar” as demais classes sociais com os valores ideológicos da elite dominante. Assegurando assim, que o restante do ciclo: captação-consumo- reciclagem-difusão, já se dê “viciado” a partir da produção comprometida com os valores e interesses dos dominadores. 
 Após esta constatação, restam-nos (aos explorados e oprimidos), duas tarefas principais:

1-       Tomarmos o controle da produção cultural para obtermos uma “matéria básica” formada a partir de informações e ideologias favoráveis aos oprimidos e explorados. Informações que difundam nossos interesses de classe, que visem desmontar o sistema dos ricos e instaurar nossos valores e ideais para que a partir desta produção, todo o ciclo se desenvolva comprometido com nossa ideologia e em contraposição à cultura dos ricos. 

2-       Intervirmos no processo de reciclagem, anexando nossas informações e contrapondo-as às da elite, travando uma guerra de valores no interior de cada ser humano. E se “cada um de nós é um universo, cada universo agora está em disputa por duas concepções antagônicas, duas ideologias e duas culturas.

A partir destas duas tarefas principais se instaura O MOVIMENTO CONTRACULTURA.
Para nós, contracultura é a produção cultural comprometida com a destruição da cultura dominante. Á serviço da propagação de informações, valores e de uma ideologia contraria à da elite.
O movimento contracultura deve ser consciente de que toda a cultura atual é instrumentalizada pela classe dominante para manter-se no poder. E que esta classe dominante controla a produção cultural e educa através dela aos dominados, perpetuando o seu poder sobre os mesmos.
 Deve compreender que o sistema econômico e produtivo dos ricos é uma construção cultural que produz cultura a partir das relações de produção e relações sociais. E que, enquanto a sociedade for organizada a partir deste sistema, toda produção cultural oferecida para o consumo do povo, virá comprometida com a manutenção do mesmo.
Sendo o ser humano uma “engrenagem” que produz cultura a partir de informações pré-adquiridas e a difunde no meio, estaremos condenados a reproduzir a ideologia dos ricos. Pois as informações básicas (ou matéria básica) serão sempre ofertadas pelo sistema. E cairemos num “circulo vicioso” onde o sistema produz cultura, o ser humano consome essa cultura, recicla dando seu toque pessoal e a devolve ao meio, impregnada com os ideais burgueses de manutenção do sistema.
 O movimento contracultura deve saber que para nós, a tarefa é o desmonte do sistema capitalista. E que sem isso, não dá para triunfar completamente sobre a cultura dos ricos. Portanto, a nossa contracultura é anticapitalista e revolucionaria.
Na atualidade, não se pode compreender como contracultura, qualquer manifestação cultural que não tenha como base a reivindicação do desmonte do sistema  produtor de mercadorias  e de todo o aparelho capitalista de opressão  e exploração.
Só é contracultura o que for contra toda a construção cultural (concreta ou abstrata) da classe dominante. Sob esse sistema, a contracultura e o capitalismo são antagônicos, como água e óleo, não se misturam.
 Dois fronts, uma mesma guerra. 
A batalha da contracultura versus a cultura dominante se dá em dois campos:
1-       A primeira e a mais difícil batalha se dá no interior de cada um de nós. Nas “pequenas” coisas do cotidiano, nas atitudes do dia-a-dia. Cada vez que nos vemos diante de situações que nos despertam valores. Como por exemplo: quando nos percebemos machistas, racistas ou egoístas. E então temos que contrapor a estes valores da cultura dominante, os valores da contracultura: Solidariedade, irmandade e respeito. E o nosso universo interior é “sacudido” pelo confronto entre as duas concepções culturais. Este campo de militância é o mais difícil. Já que não permite demagogia ou dissimulação. Afinal, não dá  para enganar a si mesmo. E desta batalha uma das duas concepções sai vencedora.

2-       O outro campo é o coletivo. A sociedade, no interior da qual se trava abertamente o choque de valores. Buscando educar o povo a questionar os valores da cultura dominante ao compará-los com os valores apresentados pela contracultura. Desta comparação resulta a opcionalidade. A possibilidade de escolher entre um ou outro. Nessa batalha, o papel dos militantes é viver na pratica a contracultura. Fazer de suas vidas, instrumentos de propagação e materialização da proposta. Apontar com seu próprio exemplo de vida outros caminhos para a humanidade. Viver segundo o que defendem em teoria. Viver segundo a contracultura.

 

O caráter ideológico da Contracultura.


Sendo a contracultura, o conjunto de informações e valores contrários à cultura dominante. Seu caráter ideológico varia de acordo com os agentes que atuem em seu nome.

A contracultura só não terá jamais, a marca da cultura dominante. E será sempre inimiga desta. Buscando sua aniquilação completa. Do contrário, não é contracultura. 

A contracultura é instrumento que pode ser utilizado pelas mais diversas ideologias (menos a dominante). Por isso, dependendo de quem a instrumentalize poderá servir a esta, ou aquela ideologia.
A Contracultura e o MH2O do Brasil
O MH2O do Brasil quando “lança mão” da contracultura, o faz como instrumento de produção e difusão de valores socialistas e libertários, contrários a toda produção ideológica dos ricos, de seu sistema, e de tudo que contribua por ação ou omissão para a dominação, opressão e exploração do ser humano.
Queremos uma sociedade igualitária, livre e feliz. Sem opressão ou exploração e com desenvolvimento pleno do ser humano. Com expansão infinita do seu universo interior e da sociedade como um todo. A contracultura é nossa ferramenta para viabilizar esse desejo.

 A Frente de Resistência Contracultural.  
 A defesa da articulação de uma frente de resistência contracultural para atuação na sociedade, propagando a contracultura, tem sido uma forte marca do MH2O do Brasil. O hip-hop, o rock, o reggae, o teatro, os fanzines, o forró, etc... São vistos pelo Movimento Hip Hop Organizado do Brasil como tendências artístico-culturais que igualmente a todas as outras devem ser trabalhadas como agentes da contracultura.
Defendemos a formação de uma frente de Resistência que reúna os mais variados estilos, ritmos e tipos de arte em torno da proposta de contracultura. E que, a partir desta união, possamos organizar seminários, festivais, shows, publicações, feiras, manifestações e outras atividades de propagação da contracultura.
 A construção da frente de resistência contracultural é vista pelo MH2O do Brasil como tarefa primeira na construção do movimento contracultura.

As Singularidades do MH2O
Desde que foi fundado em 1989 o MH2O tem se caracterizado pela singularidade de suas propostas, o que sempre lhe rendeu diferenciação em relação ao HIP HOP feito em outras partes do Brasil e do Mundo.
Ao longo de uma década de existência foram muitas inovações proporcionadas pelo Movimento Hip Hop Organizado do Brasil ao Hip Hop Tupiniquim. Entre essas inovações e contribuições podemos destacar:
O HIP HOP MILITANTE – Característica própria do Hip Hop do MH2O, o Hip Hop Militante prioriza a função social do Hip Hop em detrimento do Comércio e da Indústria Fonográfica. O Hip Hop Militante é um instrumento para transformação da sociedade.
POBRES VS RICOS – A base do pensamento e da ação do MH2O reside na visão da sociedade dividida em dois lados: os que têm tudo (ricos) e os que nada têm (pobres).



O Movimento Hip Hop Organizado do Brasil compreende o mundo dividido em dois lados e que os ricos tem tudo e são menos de 3% da população mundial, enquanto mais de 97% das pessoas do mundo não tem nada (são pobres).
 O MH2O não concorda com essa situação e sua razão de existir é contribuir para mudar essa realidade e construir juntamente com outros setores do povo uma sociedade igualitária, sem exploração ou opressão. E nesta luta, nossa principal arma é o Hip Hop.

O CARÁTER UNIVERSAL DA CULTURA – Para o Movimento Hip Hop Organizado do Brasil a cultura é universal:
1 – Cultura é toda e qualquer produção humana (concreta ou abstrata);
2 – A cultura produzida em qualquer região ou nação é reconhecida pelo MH2O como instrumento a ser utilizado na intervenção política e transformação da realidade sem discriminação de estilo, ritmo ou qualquer outro tipo de preconceito;
3 – A cultura que é usada pra dominar, explorar e alienar, também pode ser utilizada pra libertar e educar para a transformação social.
Estas são algumas das inovações e contribuições que fazem a singularidade do MH2O. O “Gigante do Hip Hop Nacional” ao longo dos últimos vinte anos possibilitou todas essas contribuições para o Hip Hop e para a cultura de nosso tempo.
Poderíamos ainda falar das experiências em outros campos pralém do Hip Hop como atuação no movimento estudantil (gestão de grêmios e oficinas culturais), movimento popular, eleições comunitárias e parlamentares entre outras vivências que a maioria das organizações do Hip Hop nunca experimentaram.

Regionalização do Hip Hop

O Hip Hop muitas vezes foi entendido como uma expressão artística e cultural “americanizada” e ou estranha á cultura local.  Tal compreensão é totalmente equivocada. O Hip Hop tem seus elementos originários na África, Jamaica, Estados Unidos e até nas cavernas dos homens primitivos por todo o planeta. Encontrou seu solvente na cultura cosmopolita dos EUA pelos corpos, corações e mentes de afrodescendentes, hispânicos, porto-riquenhos e americanos e ganhou o mundo, sofrendo mutações e incorporando traços da cultura local onde se instala.
No Estado do Ceará, o MH2OCE protagonizou um dos maiores esforços já feitos no mundo para consolidar e comunicar o caráter Regional-Global do Hip Hop. Esse esforço chama-se “Hip Hop Cangaceiro” e inspirou a estratégia de Regionalização do Hip Hop hoje trabalhada pelo MH2O.



Hip Hop Cangaceiro (Do Ceará para o Mundo)

Cangaço Cultural

Em um tempo em que a seca castigava o sertão nordestino bem menos que o abandono político e o descaso dos “donos (sulistas) do poder” e a crueldade dos coronéis locais que, como aves de rapina, alimentavam-se das vísceras de animais e homens tombados pela fome, sede e desespero, tangendo à chicotadas o seu gado humano pelos “currais-eleitorais”. O nordestino levantou-se e de armas em punho desafiou a lei e a ordem imposta aos caboclos. Lançando-se contra a sociedade como um furacão que varre à força tudo que à força construiu. E entre saques, expropriações, “pelejas”, mortes, sangue e lágrimas, escreveu na nossa história (a verdadeira) capítulos de resistência, desafios e esperanças. Criando lendas e mitos que simbolizavam e ainda simbolizam o poder do nordestino de mudar as coisas. Marcando para sempre a memória de nosso povo com o signo do cangaço.

O que nos fica, é o exemplo de superação e persistência dos que saem da condição de sub-viventes, direto para o comando da resistência. Fazendo como colossos, o sistema tremer ante seu nome, sua cultura e sua força.

E como o abandono, a opressão e a exploração não acabaram, o sertão continua seco e mais do que nunca, estamos submetidos à subvida.
Achamos indispensável um novo “cangaço” que nos conduza ao comando de uma resistência política e cultural capaz de “virar este jogo” em favor da cultura da gente do nordeste.
Que o novo cangaço venha montado na arte e na cultura, “desenterrando” a alma, as características e os valores de nosso povo. E invada o mundo com “bandos” de “cabras cangaceiros” espalhando nossas lendas pelo planeta e resgatando a auto-estima e a personalidade cultural do nordestino.

Nossos “bandos” estão espalhados por todo o nordeste, são conhecidos como “posses” e empunham microfones, jat’s (spreys), pick up’s, fazem Dança de Rua em animadas festas que comemoram a ascensão de nossas “colunas cangaceiras” e o aumento de nossa “cabroeira”. Disparamos contra os mesmos “donos do poder”, os coronéis das oligarquias dominantes, a seca, a fome e o abandono. Pregamos a expropriação dos seus latifúndios e enfrentamos os mesmos “macacos” do passado. Só que agora, mais bem armados e em alguns casos, até fazendo uso de nossas armas e linguagens.
Como no cangaço do passado, não é para os coronéis, elites, ricos e poderosos que falamos e lutamos. Não são eles que se somam aos nossos “bandos”, que espalham nossa lenda e acreditam na nossa luta. Não são eles que sonham nosso sonho.

Agora, como antigamente. São os oprimidos, vitimados, abandonados, explorados e excluídos que se juntam a nós, que buscam nossa proteção e agigantam nossas posses como outrora ampliavam nossos “bandos”.
Quem “forma” conosco é o povo, o viciado pelo crack e o arregimentado pela gang, o caboclo de pele curtida do sol, a mulher enrugada em plena juventude, sentido na pele o peso do agreste e da pobreza, com dez filhos “A LA IPREDE” nos sinais e favelas da “loura (prostituída) desposada do sol”.

O novo cangaço tem no Hip Hop seu comandante, recruta seus “cabras” nas favelas e periferias urbanas, no meio do crack, cola, maconha, química e cachaça, das entranhas do submundo, também das escolas, praças e universidades, do meio do mato no sertão do Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí, Pernambuco e todo o nordeste.
O novo cangaço é hip hop, o novo hip hop é cangaço.  MH2Oce é HIP HOP CANGACEIRO que semeia o terror no coração do poder, que resgata “jagunços” do fundo das celas burguesas, e os leva à linha de frente da “peleja” com patentes dadas por nós, o povo.

Ser Cangaceiro faz a diferença
Por este conceito ser cangaceiro é indignar-se, rebelar-se, não ficar esperando a morte e lamentando-se. É tomar na “marra” o que nos é negado. É espoliar aos ricos e construir “tocaias”, “atocaiá-los” e dividir seus espólios. Levantar até o mais alto pico nossa linguagem, raízes, história, nossa fala, cultura, nossa cara. É orgulhar-se de ser nordestino, superar a seca, a fome, o desemprego, o desprezo da elite e “virar a mesa”. Libertar o nordeste, o Brasil e o mundo do domínio capitalista. Relembrar CALDEIRÃO, A UTOPIA DE CANUDOS, PALMARES E A CORAGEM DO DRAGÃO DO MAR.
Ser cangaceiro é “cortar” o mundo em “bandos culturais” que por onde passem resgatem a alma nordestina e saúdem Lampião.

O “Novo Cangaço” e o Hip Hop
No HIP HOP, o novo cangaço manifesta-se como influência em todos os seus elementos e modalidades. No RAP se faz evidente na musicalidade que “passeia” por ritmos como: forró pé-de-serra, maracatu, reisado, repente, embolada, côco, cordel, etc. O mesmo se dá na “levada” do rapper que passa a valorizar o sotaque de sua região, as gírias locais, expressões, palavras usadas no cotidiano e inspira-se nos ritmos regionais para moldar seu estilo de “levada”. Ainda no RAP o novo cangaço influi na temática que passa a tratar de assuntos e situações comuns à região (sem perder, é claro, a visão e o caráter universal), tudo isso faz com que o RAP passe a oferecer uma maior identificação com o público da região e funcione como um viabilizador e divulgador desta cultura, fazendo um registro histórico da produção cultural da região. 
No GRAFITE, como na DANÇA DE RUA, o efeito é antes de tudo estético. Os grafiteiros passam a retratar paisagens, elementos e símbolos da cultura nordestina, figuras e caricaturas com nossos traços, nossa urbanidade própria, nossas cores e temáticas. Na DANÇA de RUA, a expressão corporal fala de nordeste, os passes adotam nomes regionais e nacionais, as vestimentas adequam-se ao nosso clima e estética, misturam-se a danças regionais como capoeira, xaxado, côco, etc. E todos os elementos somam-se para resgatar e difundir os traços culturais nordestinos, propagando nossas aspirações sociais por meio do Hip Hop Cangaceiro.

Do Regional ao Universal sem fanatismos
O que se busca com o HIP HOP CANGACEIRO é o resgate e auto-afirmação de um estilo de Hip Hop autenticamente nordestino, que respeite o caráter internacional do Hip Hop mas que promova adaptações que imprimam nossa marca local ao mesmo, fazendo-se uso do Hip Hop para retomar a auto-valorização do povo nordestino (principalmente da juventude), canalizando-a para superação de nossos problemas sociais e para conversão de nosso orgulho étnico em instrumento de transformação social.
Em hipótese alguma, se busca ou tolera-se o ufanismo, separatismo ou qualquer tipo de etnocentrismo que pretenda afirmar a supervalorização ou superioridade cultural de qualquer região, raça ou etnia sobre as demais. Nossa inspiração é socialista e nunca fascista. Portanto desprezamos fanatismos. O Hip Hop deve interagir com culturas do mundo todo, reforçando-as, misturando-as e transportando informações, linguagens e costumes por todo o planeta.
Acreditamos que para atuar na cultura universal com consciência e olhar internacional, temos que nos encontrar, nos reconhecer e nos fortalecer no regional. O HIP HOP CANGACEIRO é isto: um movimento cultural que busca alcançar o universal a partir do regional.

Regionalização do Hip Hop Brasil á Fora
A proposta gerada no Ceará pelos militantes do MH2Oce, nos inspira a estender essa estratégia á todas as regiões do Brasil. Cada estado deve buscar identificar seus principais traços culturais e artísticos e deles aproximar o Hip Hop.
Os militantes do MH2O devem pesquisar  a cultura local e desenvolver produções de Hip hop que utilizem elementos dessas artes, culturas e tradições como por exemplo: As Congadas do Paraná, ou ainda a história dos Candangos em Brasilia-DF, os Cordões e Samba paulista, as Escolas de samba do Rio de Janeiro, as Quadrilhas juninas do Rio Grande do Norte, o Maracatu de Pernambuco ou os Blocos Afro da Bahia.
Nossa tarefa é pesquisar essas manifestações culturais, parcerizar com os diversos artistas, grupos e instituições que trabalham esses ritmos e culturas e produzir Hip Hop mesclado a essas expressões regionais.
Assim o Hip Hop poderá contribuir com o fortalecimento da cultura local e com o reencontro das comunidades e dos jovens com suas origens e tradições.
A área Institucional do MH2O deve adotar a Regionalização do Hip Hop como Programa Institucional sob o qual se desenvolvam projetos sociais de resgate e fortalecimento das raízes culturais e históricas dos membros do Movimento e do seu público. Por meio da interação dos elementos artísticos do Hip-Hop com os elementos da cultura local vamos resgatar e fortalecer as raízes culturais e históricas do povo.


O MH2O e o Terceiro Setor

O MH2O olha para o Terceiro Setor com a mesma visão que olha para o parlamento e toda a institucionalidade burguesa. Ou seja, vê o Terceiro Setor como um espaço a ser ocupado e disputado estratégica e ideologicamente pelos revolucionários. A organização de ONGs e o desenvolvimento de projetos institucionais são importantes para a captação de recursos a serem empregados na educação, mobilização e direcionamento das comunidades e suas lutas. Também, através de projetos institucionais de Terceiro Setor é possível expor os limites do estado dos ricos como gerador de bem-estar social e atendimento das demandas dos pobres. Ao mesmo tempo em que é possível educar a comunidade para agir de forma coletiva e auto-gestionária na resolução de seus problemas, cobrando a ação governamental e pressionando aos capitalistas que exploram o povo pobre. Além de com ações econômicas desenvolvidas no âmbito do Terceiro Setor, podermos estruturar a logística de organizações revolucionárias. Sempre cientes de que a priori o Terceiro Setor representa uma ação dos ricos para facilitar o desmonte do “estado do bem estar social” e transferir para a própria sociedade a responsabilidade pelo social, enquanto continuam recolhendo tributos para esse fim em meio aos pobres. Porém, nossa ação é estratégica. Sabemos que entre o que os ricos querem e a realidade, existe uma enorme lacuna a ser preenchida pela inteligência, estratégia e luta revolucionária. E nos propomos a agir nessa lacuna, explorando cada “palmo” das contradições da estratégia dos ricos no referente ao Terceiro Setor. E fazendo do contraditório entre a tese dos ricos e nossa antítese revolucionária para o terceiro setor, um instrumento de educação e mobilização do povo pobre para construção do mundo novo, socialmente igualitário e culturalmente diverso.

O MH2O E OS PARTIDOS POLITICOS

O MH2O não é uma organização partidária, não compõe nenhum partido político. Embora tenha em seu interior membros filiados a partidos. O que só é permitido sob aprovação do coletivo. 

A filiação partidária individual não é permitida. O MH2O reconhece o partido político como um instrumento importante e legitimo de organização e ação do povo. Porém, só é possível (exceção para casos aprovados pela maioria) a filiação partidária coletiva de seus membros. 

Os militantes do Movimento autorizados a ter atuação partidária, o farão preservando a base programática do MH2O e seu centralismo democrático. Ou seja, o farão como tendência, ou em um partido onde sejam hegemônicos. Ou ainda de forma estratégica. 

Como por exemplo, simplesmente para fazer uso de legenda (desde que o partido escolhido tenha semelhança ideológica e programática com o Movimento)mh2o-sp para disputar eleições. Nesse caso, os militantes do MH2O se limitarão a intervir na vida do partido somente no tocante as eleições e suas implicações e desdobramentos.

Escola Popular de Formação
do Movimento Hip Hop Organizado do Brasil
Aprovada no 2º Congresso Nacional do MH2O
Pajuçara- Maracanaú - Ceará, dias 26 e 27 de Dezembro de 2009.

Orientações Curriculares e Metodológicas da Escola Popular de Formação do MH2O
   
A Escola Popular de Formação, criada pelo 2º Congresso Nacional do Movimento Hip Hop Organizado do Brasil (MH2O), tem a finalidade de instaurar e manter de forma permanente a política nacional de formação do Movimento.
 




A Escola Popular de Formação do MH2O tem a função de formar seus militantes, priorizando:
 
1.     Novos filiados e militantes de base;
2.     Dirigentes e integrantes das instâncias deliberativas e núcleos do Movimento;
3.     Parlamentares, gestores públicos, militantes que atuam em governos, empresas e ONGs.
4.     Membros, Simpatizantes e Raio de Ação do MH2O que atuem em movimentos sociais.
5. Membros de Entidades Afiliadas ao MH2O.
 
As Coordenações e Conselhos de Posses podem convidar não membros do MH2O para participar das atividades de formação por meio de convite específico para cada região e sob a orientação e responsabilidade da Coordenação local do Movimento.
   
1. Organização dos currículos
 
Princípios
 
O princípio dos processos de formação deverá ser a Formação Integral do Ser Humano para a Transformação do Mundo para Melhor. O MH2O tem uma visão política e filosófica baseada na luta pela igualdade social. O Movimento Hip Hop Organizado do Brasil luta contra a exploração e, opressão e defende a emancipação dos povos em situação de pobreza. O Movimento também defende o alinhamento e sinergia entre a luta pelo desenvolvimento sustentável (econômico, Social, Ambiental e Cultural) das sociedades humanas e o equilíbrio ecológico e proteção das outras espécies.
 
Essa visão deve estar contida em todos os materiais, conteúdos, ferramentas e métodos utilizados para a formação dos membros, simpatizantes e raio de ação do Movimento. A partir da relação entre teoria e prática na militância devemos possibilitar o acesso a uma vivência pedagógica capaz de assegurar a apreensão dos fundamentos, concepções e diretrizes que norteiam a intervenção do MH2O na sociedade. Essa vivência deve preparar o militante e a militante do Movimento para compreender e defender em cada região, comunidade e ou área geográfica, local de trabalho e ou nicho social e cultural em que estejam inseridos o desenvolvimento sustentável das comunidades e País e o desenvolvimento integral do ser humano, aliados a proteção ambiental e ao equilíbrio ecológico. Nesse contexto, se torna imprescindível a educação da base e do entorno do Movimento para a defesa da justiça social, o combate as desigualdades, e a todas as formas de discriminação e preconceitos, e o fortalecimento das práticas democráticas na sociedade, encarando-se essas tarefas como elementos mobilizadores e parte importante da estratégia de formação vivencial de nossa militância. 
 
A partir das concepções teórico-filosóficas definidas no Programa do MH2O deve-se educar a base e o entorno (Raio de Ação) do Movimento para atuar de forma consciente e disciplinada visando à harmonia entre as nossas estratégias regionais (relação entre o projeto nacional e as políticas regionais e locais) e internacionais (relações internacionais, em particular com a América Latina e África). A fim de que o MH2O tenha uma ação coesa e alinhada.
 
Visando uma coerência na atuação do MH2O e que esta coerência não seja apenas fruto do centralismo democrático adotado pelo Movimento, mas sim, derivada de uma consciência política e de uma educação desenvolvida metodologicamente pela Organização, é preciso ensinar a história do MH2O da sua criação aos dias atuais, e a relação da trajetória do Movimento com a história das lutas populares e conquistas do Povo no Brasil. Também é importante dar conhecimento aos membros do Movimento sobre aspectos históricos da formação do capitalismo em nível mundial e da economia capitalista no Brasil; aspectos da formação da sociedade brasileira e da cultura política do país; aspectos teóricos da visão do MH2O e no que esta se difere da visão dos demais grupos políticos e movimentos nacionais.
 
A partir da análise das conjunturas locais e regionais devemos estimular a compreensão da política nacional e do papel do MH2O na mudança destas conjunturas. E de seu papel na sociedade brasileira. A história do Brasil tal qual a história da América Latina e do Mundo deverão ser tratadas a partir da análise de suas contradições e sob a luz do Programa do MH2O e jamais como uma mera sucessão de fatos dispostos numa linha de tempo como o faz a escola convencional.
 
A Origem e história dos elementos do Hip Hop devem ser contadas a partir de sua relação social com as lutas e resistência dos jovens em situação de pobreza do mundo. Devem ser divulgados em nossas formações os aspectos políticos da criação e desenvolvimento de cada elemento do Hip Hop, devolvendo aos mesmos os conteúdos ideológicos e sociais que o mercado e sua prática alienada e acrítica tenta negar. Para tanto, deve-se estimular a pesquisa sobre os aspectos e significados políticos e sociais de cada passe de dança, letra de música e ou traço de pintura já desenvolvido pelo Hip Hop no Mundo. Educar os membros e entorno do MH2O para a utilização dos elementos artísticos e culturais do Hip Hop como ferramentas políticas, pedagógicas e lúdicas de educação, mobilização e luta dos povos em situação de pobreza para conquistar sua emancipação e felicidade é papel prioritário da Escola Popular de Formação do MH2O.

A atenção com a formação técnica e profissional de nossa militância é também um desafio a ser encampado pela Escola Popular de Formação. As novas tecnologias, A Nova Economia Social (NOES) e a preparação de profissionais para o setor cidadão, bem como a formação de gestores públicos e empreendedores sociais serão abordadas nas formações por todo o Brasil e divulgadas nos meios de comunicação utilizados pelo MH2O.

Nossa Formação trabalhará recortes de Gênero, Meio ambiente, Igualdade Racial, juventude e outros adotados pelo MH2O, sempre condicionados aos limites de classe e orientados por nosso Programa.

Nosso processo de formação priorizará conteúdos desenvolvidos pelo MH2O e contidos nos diversos documentos e teses adotados oficialmente pelo Movimento. Ao deparar-se com áreas de conhecimento ainda não exploradas pelo MH2O e ou com temas para os quais o Movimento ainda não definiu posicionamento oficial, a Escola Popular de Formação em Conjunto com a Coordenação Nacional do MH2O poderá realizar seminários para estudar e deliberar sobre os mesmos. Nenhum conteúdo poderá conflitar e ou negar o Programa e Estatuto do Movimento Hip Hop Organizado do Brasil (MH2O).

O nível de profundidade e complexidade dos conteúdos a serem trabalhados, será compatível com o público de cada curso e ou formação.

A arte do MH2O será considerada ferramenta preferencial de educação dos membros e público do Movimento. Portanto a Escola Popular de Formação trabalhará para assegurar o alinhamento da produção artística e cultural com os conteúdos pedagógicos e programáticos do MH2O. Serão desestimuladas produções artísticas que não estejam de acordo com o pensamento oficial do MH2O e estimuladas produções coerentes com nossa tradição, programa e pensamento. A Escola Popular de Formação dedicará especial atenção aos artistas e produtores culturais do Movimento.

A educação comportamental será considerada e será incentivada a “educação pelo exemplo”. Serão estimuladas boas práticas pelos membros históricos e militantes da vanguarda do MH2O como parte da educação dos novos membros. Os componentes mais novos do Movimento também serão estimulados a cobrar dos mais antigos comportamentos e atitudes condizentes com o Programa, valores e tradição do MH2O. Isso se dará devido à compreensão de que o Movimento em si é um instrumento vivo de formação do militante e que deve ser incentivada a menor distância possível entre a teoria e a pratica de seus membros.
 
As metodologias serão debatidas permanentemente e submetidas ás instâncias do Movimento e estes debatestambém serão considerados como parte importante do processo de formação de nossos Coordenadores, membros e colaboradores. A definição do método de formação sempre respeitará o Programa e Estatuto do Movimento e buscará contribuir para o desenvolvimento do pensamento crítico e para a formação de sujeitos sociais capazes de gerar, organizar e difundir conhecimentos ao mesmo tempo em que aprendem de forma cooperativa e democrática.
    
2. A teoria e o método
 
Todo o processo de formação no âmbito do Movimento deve primar por desenvolver conteúdos de forma cooperativa, em uma relação onde não existam detentores absolutos do saber o retransmitindo a indivíduos desprovidos de saber e conhecimento. Nosso processo de formação deverá partir do principio da relatividade dos saberes e da construção compartilhada de conteúdos, onde cada um contribui com parte de seu saber científico e vivencial para a geração de nosso modelo pedagógico e de nosso conhecimento coletivo. Por tudo isso, a vivência dos membros do Movimento em todas as dimensões, deve ser valorizada e respeitada.
 
O que se busca é um equilíbrio entre os conhecimentos e vivências dos membros do MH2O e os conhecimentos que o Movimento deseja que eles apreendam. Sendo assim, os conteúdos e a organização dos cursos têm que trabalhar a relação com as vivências políticas, culturais e intelectuais dos educandos.
 
O desafio é fomentar também e principalmente a autoformação como atividade permanente de nossa militância, fornecendo a base para essa trilha pedagógica.
 
Para que tudo isso funcione é necessário que as Posses e Coordenações regionais, estaduais e Nacional fortaleçam e apóiem ao máximo as atividades da Escola Popular de Formação do MH2O.

3.    Sistematização dos cursos
 
A partir da teoria e método serão definidos currículos, a serem formatados pela Coordenação da Escola Popular de Formação do MH2O e disponibilizados na forma de cursos permanentes ou não e Seminários.
 
 A Escola Popular de Formação do MH2O disponibilizará um conjunto de cursos permanentes e orientará eventos de Base a exemplo do E-Base e seminários temáticos, além dos cursos e formações relacionados aos núcleos temáticos do Movimento (Meio ambiente, Mulheres, Igualdade racial, etc.). Essas atividades deverão estar organizadas em uma agenda nacional intitulada “Esforço Nacional de Formação da Militância (ENFORMI)”. O ENFORMI deverá priorizar:
 
1.      Cursos para novos filiados e militantes de base (Programa do MH2O);
2.      Formação para Entidades Afiliadas;
3.      Curso para Coordenações e dirigentes de instâncias deliberativas do Movimento;
4.      Cursos para a Juventude e Núcleos temáticos do MH2O;
5.      Curso sobre política internacional;
6.      Cursos para Parlamentares, prefeitos e militantes e ou aspirantes a esses cargos que sejam vinculados ao Movimento;
7.      Formação para profissionais e cargos de confiança vinculados à militância do MH2O;
8.      Formação sobre novas tecnologias e sobre o setor cidadão;
9.      Formação profissional, Empreendedorismo Social e Nova Economia Social (NOES);
10.  Cursos destinados a dirigentes de ONGs vinculadas ao Movimento.

  A Escola Popular de Formação do MH2O também poderá oferecer formação para outros movimentos, organizações e grupos sociais dependendo de parcerias e ou como forma de sustentabilidade econômica. 
 
A Escola Popular de Formação do MH2O realizará outras ações:
 
1.      Organizará em Rede os aspirantes e ou parlamentares e gestores públicos, bem como funcionários e cargos de confiança vinculados ao Movimento para garantir a interação e troca de experiência entre os mesmos em âmbito municipal, estadual e federal;
2.      Promoverá palestras, workshops e debates virtuais para contribuir na educação à distância dos militantes;
3.      Organizará o Esforço Nacional de Formação da Militância (ENFORMI) anualmente para formar multiplicadores em todos os Estados em que o Movimento atua;
4.      Organizará um Acervo Nacional com entrevistas e documentários; textos e documentos que contenham os conteúdos programáticos e a história do MH2O e ou fragmentos da mesma para ser acessado pela base do Movimento e seus dirigentes em qualquer lugar do País;
5.      Montará Rede de colaboradores para apoiar e contribuir com a formação dos membros do Movimento em atividades presenciais e ou á distância via internet;

4.     O papel das Coordenações de Formação Estaduais e das Posses na relação com a Escola Popular de Formação do MH2O.
 
As Coordenações Estaduais de Formação e as Coordenações de Formação das Posses serão as representantes estaduais e locais da Escola Popular de Formação do MH2O que será coordenada pela Coordenação Nacional de Formação do Movimento e serão as responsáveis por organizar em seus respectivos estados e Posses o Esforço Nacional de Formação da Militância (ENFORMI). As Coordenações de Formação das Posses estarão submetidas ás Coordenação Estaduais de Formação e estas estarão sob a direção da Coordenação Nacional de Formação do MH2O.

§  As Coordenações Estaduais de Formação deverão coordenar a política de formação no estado a partir das orientações da Coordenação Nacional de Formação;
§  As Coordenações de Formação das Posses deverão coordenar a política de formação nas Posses a partir da orientação da Coordenação de Formação de seus respectivos estados;
§  A Coordenação de Formação Nacional deverá credenciar uma rede de militantes, profissionais, parceiros e ou voluntários com experiência na área da formação que possam contribuir e realizar a formação a partir das orientações da Escola Popular de Formação do MH2O em âmbito Nacional, Estadual e Local;
§  A Coordenação Nacional de Formação será a responsável pela organização de um acervo de filmes, documentos e outros materiais áudio-visuais destinados a apoiar a formação da militância do movimento;
§  As Coordenações das Posses serão responsáveis pela organização de um acervo de textos e livros em pequenas bibliotecas em cada Posse;
§  A organização de bibliografia de apoio, especialmente em relação à história do MH2O e do próprio Hip Hop ficará á cargo da Coordenação Nacional podendo ser realizada em parceria com as Coordenações Estaduais;
§  Motivar os militantes para leitura dos livros, textos, documentos e a assistir os vídeos e documentários caberá ás Coordenações de Formação das Posses;
§  Incentivo para que os militantes registrem suas atividades e construam a memória de suas experiências de atuação em cada Posse caberá as Coordenações Estaduais em co-responsabilidade com as Coordenações das Posses;
 
  5.    Modelo de Funcionamento da Escola Popular de Formação do MH2O
 
A Escola Popular de Formação do MH2O será coordenada pela Coordenação Nacional do Movimento a partir da implantação da Coordenação Nacional de Formação e se regerá por este documento aprovado no Segundo Congresso Nacional do Movimento, pelo Estatuto e pelo Programa do MH2O. As demais questões e os casos não previstos nessa formulação serão definidos pela Coordenação Nacional do MH2O ad referendum do Congresso Nacional do Movimento.

Fortaleza, 26 de Novembro de 2009.
Congresso Nacional do MH2O
Coordenação Nacional do MH2O


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