Movimentos denunciam extermínio e alertam para intensificação da violência na periferia em função de instabilidade na polícia
São Paulo – Um grupo de pessoas protestou no início da noite de ontem (11) no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (MASP), na Avenida Paulista em São Paulo, pelo fim da violência contra a juventude pobre e negra em ato organizado por 39 entidades.
Os manifestantes denunciam que um “genocídio” vem ocorrendo na periferia de São Paulo e que isso foi intensificado nos últimos dias por causa de um suposto revide da polícia militar à morte de seis agentes públicos. Desde o dia 13 de junho, pelo menos 127 pessoas morreram em situações com sinais de extermínio no estado.
Para Danilo Dara, do coletivo Mães de Maio, a onda de assassinatos expõe a fragilidade da política de segurança do estado. “Qualquer instabilidade, quem paga o preço é a população pobre e negra moradora dos bairros periféricos. Assim como aconteceu em maio de 2006, em abril de 2010, está acontecendo agora, o que configura um estado de exceção”.
“Nós sabemos a cor da pele das pessoas que eles enquadram, atiram, matam. Isso não vem acontecendo só agora, acontece há 400 anos. Apenas está sendo exacerbado nas últimas semanas”, afirma José Henrique Viegas, professor e membro do comitê organizador do ato.
Segundo dados do Mapa da Violência no Brasil, enquanto o número de homicídios entre a população branca diminuiu entre 2002 e 2010, passando de 18.852 para 13.668, aumentou entre pretos e pardos, subindo de 26.952 para 33.264 no mesmo período. O estudo também revela que em 2011, o número de negros mortos foi, proporcionalmente, 139% maior do que de não-negros.
Identidade
Por volta das 19h, dois policiais solicitaram a carteira de identidade de um dos organizadores do ato. Wilson Honório da Silva, do Quilombo Raça e Classe, se recusou a fornecer a documentação e argumentou com o policial que a organização da manifestação era horizontal, portanto, não havia um único responsável. Os policiais insistiram e Wilson pediu ao soldado Michel que também mostrasse sua identidade. O oficial respondeu: “Você quer meu RG? Esse uniforme basta para você?”.
“Nós vivemos em um estado policial que se dá o direito de ter medidas totalmente autoritárias, totalitárias que lembram o fascismo. Isso acontece nesse estado em função do que Alckmin promove como política de estado. Estamos aqui exatamente para denunciar esse tipo de perseguição à população negra”, explica Wilson.
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