sábado, 30 de outubro de 2010

A Imprensa Brasileira e a Greve na França

25 de outubro de 2010
Os trabalhadores franceses estão realizando uma das maiores mobilizações da última década. O motivo é a reforma da previdência, proposta pelo presidente Nicolas Sarkozy e já aprovada pelo Senado francês.
 
A reforma faz parte de um plano que está sendo aplicado, de um modo de outro, em todos os países da Europa, mas que têm um único objetivo: esfolar a população para sanear as contas do Estado para que este tenha mais dinheiro para dar aos banqueiros e grandes capitalistas.
 
Diante dessa espetacular resposta dos trabalhadores à ofensiva dos patrões e do imperialismo, a imprensa brasileira sequer disfarça sua simpatia pelos que ordenaram a sangria. Osprincipais órgãos de imprensa do País não se intimidaram em declarar que “Onda de violência cresce na França” (estadão.com.br, 18/4/2010) ou mesmo o clássico “manifestação atrapalha trânsito”, também publicado nesse órgão de imprensa, já outros, como O Globo, não se acanharam em festejar a aprovação da reforma no Senado. Outros, como a Folha de S. Paulo, chegaram a defender a reforma, com base no aumento da expectativa de vida.
 
A imprensa capitalista brasileira torce para que Sarkozy derrote os grevistas e aprove a reforma e condena o protesto daqueles que não querem pagar para que banqueiros e capitalistas falidos recebam ainda mais dinheiro estariam errados. Por que tanta solidariedade?
Não se trata meramente de uma solidariedade de classe ou entre a direita. Trata-se sim do que vai acontecer aqui no Brasil e de já preparar o terreno para o que virá.
 
O FMI declarou que é hora do Brasil realizar reformas. Ou seja, assim como na França, na Grécia e em toda a Europa, onde os trabalhadores estão realizando gigantescas mobilizações contra os planos de austeridade de seus governos, chegou a hora da burguesia apresentar a conta para os trabalhadores brasileiros pagarem.
 
E aqui a fatura a ser cobrada será ainda mais alta do que na Europa. Aqui entrarão na conta o que restou das estatais, os salários dos trabalhadores, de todas as maneiras que o governo achas para confiscá-los: congelamento salarial, aumento da jornada de trabalho, impostos, cortes nos serviços públicos etc.
 
O imperialismo fará o que for necessário para implementar o plano no Brasil, assim como o governo francês não quer, e não pode, arredar pé da reforma. Não é uma opção, mas uma necessidade de sobrevivência para os capitalistas. O imperialismo vem para uma ofensiva e a população deverá reagir. A resposta dos trabalhadores na França é uma ameaça à implantação das medidas no resto do mundo e um estímulo a que a classe operária dos demais países reaja também. Por isso, a grande imprensa brasileira faz desde já a propaganda das reformas e o ataque aos distantes grevistas. 
 
Mas, assim como os franceses, os trabalhadores brasileiros devem reagir com toda sua força contra os planos do FMI para o Brasil, contra os planos de austeridade e qualquer tentativa de fazê-los pagar pela crise capitalista. É preciso se organizar desde já para resistir a essa ofensiva, que virá inevitavelmente e que já anuncia a imprensa capitalista, porta-voz do imperialismo no Brasil.

 
Por Fabrício Oliveira.

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