sábado, 24 de novembro de 2012

POLÍCIA IMPEDE ENTRADA DE ÁGUA E COMIDA PARA FAMÍLIAS SEM-TETO


24/11/12 às 17:54


As famílias sem-teto que ocuparam o edifício do antigo hotel Cambridge, na madrugada deste sábado, estão sendo mantidas num espécie de cárcere privado. Por determinação do governador Geraldo Alckmin   elas estão impedidas de receber água é comida.
O prédio que fica na av. Nove de Julho, 216,  está  abandonado por mais de dez anos. Na placa consta que foi desapropriado pela prefeitura porém passados cinco anos as  reformas necessárias para transformá-lo em moradia de interesse social não foram feitas.
É mais um entre as centenas de imóveis abandonado, depredados, desperdiçados enquanto as famílias de baixa renda não conseguem encontrar opção de moradia, com prestações que sejam condizentes com seus salários abaixo de três mínimos.
Não queremos morar de graça! Lutamos por  política de moradia para pobres na cidade de São Paulo, com prestações que caibam em nosso bolso!
Gostaríamos de saber porquê o governador está se empenhando numa demanda entre os cidadãos e a prefeitura? O Capitão Kirio  informou que a ordem de impedir a entrada de alimentos e comida para os sem-teto partiu do palácio dos Bandeirantes.
Não seria mais inteligente utilizar a polícia para atacar a criminalidade ao invés de atacar os cidadãos?
Contatos:  Carmem – 9 9680-7409 ou 7709-7896
Coordenação Geral da FLM – Osmar – 99516 – 0547 ou 9 8302-8197 /

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Comitê Contra o Genocídio Ocupa Secretaria de Segurança em Ato Em SP


Manifestação pressiona autoridades estaduais pelo fim da violência dos Grupos de Extermínio Contra os Pobres do Estado.


Manifestantes exigiam ser ouvidos pela secretaria de Justiça e Cidadania e pelo novo secretário de Segurança Pública (Foto: Felipe Rousselet / SPressoSP)
No inicio da tarde desta quinta-feira (22) movimentos sociais, articulados no Comitê Contra o Genocídio da População Negra, Pobre e Periférica, ocuparam o prédio da Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania, na região central de São Paulo.  Os manifestantes exigiam a presença da secretária de Justiça, Eloisa de Sousa Arruda, e do novo secretário de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira.
Um assessor da Secretaria de Justiça informou aos manifestantes que a secretária de Justiça havia empossado o novo titular da Secretaria de Segurança Pública, pouco antes da ocupação, e seguiu para Brasília, juntamente com o governador Geraldo Alckmin, para acompanhar a posse do ministro Joaquim Barbosa como presidente do STF (Superior Tribunal Federal).
Após muitos assessores da Secretaria de Justiça e Cidadania tentarem contato com Grella, chegou a informação de que ele comprometeu-se a definir uma data nos próximos dias para reunir-se com o Comitê Contra o Genocídio da População Negra. Os manifestantes sugerem como data o próximo dia 6 de dezembro, quando será realizada uma audiência pública para discutir a política de segurança pública no Estado.

Após a promessa do novo secretário de Segurança Pública de São Paulo, os manifestantes deixaram o prédio da Secretaria de Justiça pacificamente, assim como foi durante toda a ocupação. Enquanto aguardavam uma posição da pasta, os manifestantes cantaram, declamaram poesias e fizeram falas de protesto.
Juninho, integrante do Circulo Palmarino e do Comitê, considerou uma vitória a ocupação. “Temos que sair daqui orgulhosos deste ato. Orgulhosos de dizer, eu ocupei a Secretaria de Justiça do Estado de São Paulo. Quebramos o silêncio que vinha nesses 4 últimos meses”, afirmou.
A manifestação

Segundo os manifestantes, a política de segurança pública em São Paulo é gerar mais violência (Foto: Felipe Rousselet / SPressoSP)
A ocupação da Secretaria de Justiça teve origem no Ato Contra o Genocídio da População Negra, Pobre e Periférica, que começou por volta das 10h30, na Praça da Sé. O ato foi uma reação contra os mais de 250 assassinatos cometidos em São Paulo nos últimos 30 dias. Após o ato na Praça da Sé, os manifestantes marcharam até a Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania e ocuparam o prédio.
Na pauta dos manifestantes estão as seguintes reivindicações: audiência pública imediata com o governador Geraldo Alckmin e com o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo; o imediato levantamento das identidades, B.O’s, Certidões de Óbitos e Causa Morte da todas as vítimas civis assassinadas em 2012; o direito à memória, verdade e justiça de todas as vítimas (e seus familiares); a abolição imediata dos “autos de resistência” e “resistência seguida de morte”; o fim da ROTA (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar); instauração de uma “CPI das Polícias e dos Grupos de Extermínio de SP”; a desmilitarização das Polícias; a troca não apenas do Secretário de Segurança Pública e do Comando da Polícia, mas também uma mudança radical na política de segurança pública; controle externo de toda atividade policial; e o impeachment de Alckmin por crime de responsabilidade.
O rapper Pirata, integrante do Fórum do Hip Hop e do Comitê Contra o Genocídio, disse que os movimentos estão se organizando desde o dia 18 de julho, por conta do aumento da violência em São Paulo. “Se fizer as contas, foram quase 2 mil mortes em seis meses, enquanto a mídia fica publicando somente as mortes dos policiais. Por atingir a gente da periferia, e também o total da população, nós achamos que temos que nos mobilizar”, afirmou.
Para ele, a mudança no comando da Secretaria de Segurança Pública foi uma jogada de marketing do governo estadual. “Para mim ela não serve por enquanto. Eles não falam em mudar a estratégia de políticas públicas. Mudar o secretário não significa nada”, explicou.
Entre os presentes no ato estavam familiares de vítimas da violência em São Paulo. Entre eles Daniel Eustáquio de Oliveira, 50, que teve seu filho, César Dias de Oliveira, de 20 anos, assassinado por policiais militares em julho. Oliveira não acreditou na versão de troca de tiros dada pelos PM’s e reuniu provas que levaram cinco policiais para a prisão.
“O que dá força para o policial corrupto matar inocentes na rua é justamente a nossa covardia”, disse, ressaltando a importância das famílias participarem dos protestos. “Se você vem em um movimento como esse e conta sua história, mais famílias vão ter coragem de ir atrás da justiça”, afirmou.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Situação na periferia de SP é de calamidade, dizem movimentos sociais

O Globo - Rio  

SÃO PAULO – Toques de recolher com escolas e comércios fechados, suspensão de saraus e outras atividades culturais e vários assassinatos entre a noite e a madrugada. É essa a situação relatada por moradores da periferia de São Paulo desde o começo da última onda de violência na capital e região metropolitana. Somente na cidade de São Paulo há relatos de toques de recolher na região de Aricanduva, na Zona Leste; na da Brasilândia, Zona Norte; em Pirituba, na Zona Oeste; e na região do Campo Limpo, na Zona Sul. A violência também é extrema em outras cidades da Grande São Paulo e na Baixada Santista, litoral paulista, segundo movimentos sociais.

Tanto moradores da periferia paulistana quanto entidades sociais dizem que o clima de insegurança não parte apenas dos toques de recolher supostamente decretados pelo crime organizado. Falam da ação de grupos de extermínio e milícias comandadas principalmente por policiais militares que estariam disputando pontos do tráfico de drogas com a facção que age dentro e fora dos presídios paulistas.

- Eles (alguns PMs e policiais civis) estão formando e fortalecendo a milícia. Antes agiam, por exemplo, em desmanches, comércios e casas de prostituição nas periferias, além do controle de locais de venda de contrabando, na região central. Agora disputam pontos de tráfico com a facção. Temos as mortes de pelo menos dois integrantes da facção de 2010 para cá e o desaparecimento de droga e uma grande quantia em dinheiro deles. E, depois disso, o início de uma nova onda de violência. O dinheiro subtraído da facção estaria ajudando na formação de milícias – diz um jovem, morador da Zona Norte, que preferiu não ser identificado.

- Quando houve os ataques a restaurantes em bairros nobres da capital, por exemplo, a primeira coisa que policiais fizeram foi oferecer a donos dos estabelecimentos proteção, através de empresas de segurança deles mesmos. Aí acabaram os ataques. E é assim que a milícia age – complementa.

Milícias e grupos de extermínio também estariam por trás de mortes de alguns policiais militares na região metropolitana, segundo relatos de movimentos sociais e moradores da periferia. O motivo seria a disputa de poder. Somente este ano, ao menos 88 PMs foram assassinados no estado.
- Moro no Campo Limpo e lá a coisa anda bem complicada. Recentemente tivemos a morte de um amigo meu e do (Daniel) Gabu, rapper do Rosana Bronks, conjunto formado no Jardim Rosana, na mesma região.
 Foi num domingo e inventaram uma história de que era acerto de contas com o dono do bar, que não saiu nem ferido. Desde então há um toque de recolher no Campo Limpo, todos os dias. Há um carro, um Santana, circulando na região e matando. Outro dia ouvi um relato de um suposto alvo de que de dentro desse veículo partiu uma conversa do tipo: ‘esse não, tá de mochila’ – diz um rapaz, que também pediu para não ser identificado.

A morte de Daniel Gabu e outras semelhantes na periferia paulistana foram citadas pelo rapper Mano Brown, dos Racionais MC’s, durante um encontro na última semana com o prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), ainda candidato naquela ocasião. “O pano de fundo é a guerra contra o crime organizado, mas eles (o poder público) estão matando por parecer ser”, disse Brown.
- A população e os trabalhadores empobrecidos estão no meio do fogo cruzado. Estudantes perdem o direito de ir e vir. Esses ataques que novamente acontecem são os crimes de maio de 2006 que não foram resolvidos. Você coroa a impunidade e generaliza a violência – diz Débora Maria da Silva, coordenadora do Movimento Mães de Maio e mãe do gari Edson Rogério Silva dos Santos, morto a tiros em 15 de maio daquele ano, em Santos, litoral paulista.

O corpo de Edson, que teria sido morto por policiais, foi exumado em 13 de junho, seis anos após o assassinato. De acordo com o movimento, foi o primeiro corpo de vítimas daquele período submetido a esse procedimento “para melhor investigação”. Desde então, Santos vive uma situação de calamidade, uma onda de violência, segundo Débora.

Entre outras reivindicações, as Mães de Maio e outros coletivos e movimentos sociais defendem a federalização das investigações dos crimes de maio de 2006 e a criação de uma comissão especial nos moldes da Comissão da Verdade para apurar excessos, além do fim de ocorrências registradas nas delegacias como "resistência seguida de morte", o que, de acordo com o movimento, “dá carta branca para policiais continuarem matando”.

- Diante de casos de crimes de lesa-humanidade, principalmente contra a população pobre, negra e periférica, os governos não podem se omitir, tanto na esfera estadual quanto na federal. Se houvesse sido investigada e levada adiante a questão dos crimes de maio de 2006, desmontadas as estruturas que levaram àquela violência, certamente a gente teria evitado várias mortes nesse período. Os assassinatos seguem de tempos em tempos e agora temos essa situação de calamidade – diz Danilo Dara, integrante do Mães de Maio e da Rede 2 de Outubro - pelo fim dos massacres.

O movimento Mães de Maio, a Rede 2 de Outubro e outras organizações sociais preparam manifestações para este mês de novembro para tentar barrar a escalada da violência no estado de São Paulo. Os atos começarão nesta sexta-feira, Dia de Finados, e devem ser intensificados no dia 20, feriado da Consciência Negra, segundo reunião dos coletivos realizada na noite desta terça-feira na capital.